sábado, 22 de julho de 2017

Oh Là Là

ue ironia, na mesma semana, tivemos a apresentação da SalvaMarMadeira - Associação de Nadadores Salvadores da Região Autónoma da Madeira - e uma sondagem onde se anuncia o naufrágio do PSD-M no Funchal, seguindo os passos de Coelho, a nível nacional, que até vem à região “ajudar”. Isto lembra uma reza de uma antiga vizinha que, enquanto fumigava a casa com incenso, entrava em transe com a repetição do “bem para dentro, mal para fora, graças de Deus pela casa dentro”.


SalvaMarMadeira: arranquemos pela salvação. Só é Nadador Salvador a pessoa com o curso certificado ou reconhecido pelo Instituto de Socorros a Náufragos, a quem compete socorrer e prestar suporte básico de vida nas praias, áreas concessionadas, piscinas entre outros locais de práticas aquáticas com obrigatoriedade de vigilância. Para além disso, orientam conteúdos técnicos profissionais específicos, informam e previnem. Para defender esta nobre função nada mais inteligente do que constituir uma geringonça caranguejolada de largo espectro político para uma melhor imunização à habitual mania de politizar tudo o que mexe na região. Assim se apresentou a SalvaMarMadeira, sem fins lucrativos, para salvar vidas dignificando os nadadores-salvadores. Pretendem acabar com a ultrajante situação de ganharem 2,99€ por hora para se manterem em forma, por horários de sol a sol na função de salvar vidas, essas que parecem estar em saldos. A associação mostrou inteligência ao se precaver de qualquer cambalhota no panorama regional, tendo sempre um interlocutor privilegiado para cada sensibilidade política. É a primeira vez que vejo a adaptação da cidadania aos novos tempos.


Apesar daquele miserável valor pago por hora, na actualidade, os “pacotes” vendidos às câmaras são caríssimos para os serviços de vigilância às praias. Há lugar a uma moderação que vai beneficiar todos os intervenientes, acabando com uma atitude “comerciante”. A SalvaMarMadeira não vai ganhar dinheiro com os serviços dos nadadores salvadores, fará vida com a formação e a segurança através de protocolos com escolas e instituições. Esperemos que a SalvaMarMadeira, com a cidadania e a pura necessidade de colmatar uma falha na nossa estrutura de salvamento, tenha sabido tornear a degradante politização e “comércio” de tudo para uma nova era de respeito pelas instituições.

Sondagem do Funchal: há euforias, desalentos, esperanças e especulações mas é uma sondagem que indica uma clara tendência por mais uma vez. Se convertermos 12% de diferença em votos, nesta bipolarização, é uma informação bem mais violenta. A efectivação da candidatura de Rubina valeu-lhe, comparativamente à sondagem de Janeiro, neste mesmo DN, a migração de 5 pontos percentuais de Cafôfo para si, falta saber o efeito do anúncio da sua lista que, saindo às pinguinhas, denota dificuldades na sua formação. A lista de Cafôfo passou em low profile e, a confirmar-se este resultado, 6-4-1, o 5º e 6º candidato à vereação são grandes adições à equipa. Não sei que anúncios poderá um Governo Regional suspeito lançar para o futuro a fim de alavancar votos nestas autárquicas, não há concretizações e trabalha-se em stress para colmatar uma má programação da agenda. Por outro lado, talvez fosse do PSD tentar uma campanha pela positiva, provando que tem ideias, por este caminho de lama vai dar muito errado com os seus telhados de vidro. Observo um fenómeno que ainda não foi falado nestes momentos de sondagens na Madeira. Elas são fiéis aos inquéritos recolhidos mas estimo que o clima intimidatório que o PSD-M exerce sobre os eleitores, de alguma forma dependentes, provoca uma maior margem de erro nos seus números porque há uma diferença não quantificada entre aquilo que é indicação de voto politicamente correcta, quando verbalizada, e outra quando a indicação é secreta, acabando a situação por ser designada por margem de erro. Estou a dizer que os números do PSD tendem a ser piores por esta razão e aqueles 15,3% que escondem as suas preferências serão um calvário e não uma esperança. A fé de que muitos, normalmente funcionários públicos, acabam mesmo que contrariados votando no PSD por medo de perder algo foi ultrapassado, a partir do momento em que a Renovação os destrata para conseguir espaço para os jobs for the boys and girls e onde estes, acabadinhos de chegar, representam um insulto.

Quanto a Cafôfo, enquanto independente apoiado por independentes e partidos, deveria fazer constar nas suas listas a sensibilidade social-democrata para materializar um reconhecimento aos votos que já lhe deram uma vitória no passado e dos quais volta a depender no presente. Há PSDs a contribuir para a sua vitória, é inegável. Tendo o apoio de Costa, parece que não aprendeu a sua capacidade de negociar e embrulhar o adversário. Perceberá no futuro como não marcou o ponto agora se acaso tiver outras ambições. O PSD-M é um portento que só precisa de um exorcismo sobre aqueles que resumem a democracia aos seus interesses e impérios. Quem não sabe escolher bons quadros, em oportunidade única, arrisca-se a fazer no futuro a mesma figura da Renovação que, focada no coro e alheada do mérito, com muita presunção e soberba, mantém o orgulho de trabalhar com a fracção da lotaria. Os eleitores da Madeira são ideologicamente, na maioria, social-democratas, só não têm paciência para aturar este PSD-M com os respectivos deformados do momento, perfeitos para a era Passos Coelho. Quem aceder à social-democracia leva uma parte dos PSDs. Agora é colocar a cabeça a funcionar, basta o ambiente político se alterar para andarmos de cambalhota em cambalhota, tanto o PSD-M ressuscita, como surge um novo partido ou Cafôfo, independente, ainda é solicitado para o exorcismo. Jardim deambula e não mete prego sem estopa, parece que estamos à entrada de uma era de imunização do tipo SalvaMarMadeira.



Diário de Notícias do Funchal


Data: 22-07-2017
Página: 28
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