segunda-feira, 6 de junho de 2016

2019 Odisseia pró Cagaço

om o crescimento dos navios de cruzeiro, devemos entender que há uma clara pretensão de colocar propulsão em resorts para navegar por mais facturação mantendo os passageiros entretidos a bordo. Por esta razão a publicidade dos navios de média/menor dimensão enaltece o tempo nos destinos. Se os navios estão em trânsito para uma nova temporada, a prioridade é chegar ao “hub” para naturais adaptações à área geográfica, algumas vezes com doca seca. O Funchal pode perder a sua importância geográfica, basta que a indústria dos cruzeiros altere a abordagem ao negócio, o que vem sucedendo. Por outro lado, a última oportunidade para embarque ou desembarque de tripulações e seus familiares, em direcção às Américas, vem ocorrendo em destinos garantidos na operacionalidade dos aeroportos próximos.
Nesta indústria a experiência conta muito até porque está em adaptação permanente às realidades portuárias e aos nichos de mercado. Deslocar a promoção do Porto do Funchal para uma matriz comum do turismo provoca o afastamento dessa experiência para delinear uma estratégia. Porquê contrariar a lógica? Não confundir a qualidade dos quadros com a orgânica.
Após a representação da Madeira no Cruise Shipping Miami, o secretário da tutela estava irritantemente optimista com os resultados alcançados, só não disse quais, seria arriscado quando nem rumo se conhece, a casa está por arrumar. A APRAM por definir em penoso desperdício de tempo; o bolorento assunto dos portos por estudar atirado para 2019 (quando não havia dúvidas na campanha); os casos de promoção sectária por corrigir; os fundamentalistas a destruir o nome do porto; lobbies a desrespeitar certificações; navios de cruzeiro a passar pelo norte da ilha, sem escala no Funchal, a fundamentar a quebra de 6,5% no porto nos primeiros meses do ano. Só com cruzeiros, estão a perigar receitas acima dos 40 milhões/ano em escalas de navios, seus passageiros e tripulações.
5 Maio 2016: Brilliance of the Seas navegando a norte da Madeira sem escala no Funchal.
Entretanto, o acessório no Porto do Funchal é rei, o desconexo em colisão com o prioritário. Por exemplo, dotá-lo com um processamento de bagagens para garantir a segurança e expurgar os ilícitos do ferry é mentira, quando até existe uma unidade móvel com scanner por rentabilizar e a empresa do ferry recebe o título de excelência Trip Advisor. Estamos na “melhor” ilha do mundo promovida por Ronaldo, com turismo secular nalgumas nacionalidades perseguidas, a notoriedade não nos falta e tem reverso da medalha, desperta maus apetites. Vamos ter fé de novo na localização geográfica?
Alguns apontamentos:
-  O molhe principal do Porto Santo tem 285 metros, composto pelo cais 1 com 90mt (fundos de -6,5mt) e o cais 2 com 195mt (fundos de -7mt). Passando por cima dos erros métricos da APRAM, o regulamento diz, na prática, que só podem atracar navios até 150mt, cativa-se para todo o sempre uma parte para o ferry de 112mt, mesmo às Terças-feiras de descanso e às Sextas-feiras com partidas ao fim da tarde no Funchal. O Porto Santo pode se dar ao luxo de não promover esses dias nas épocas altas dos cruzeiros? Dá para perceber o insucesso mesmo oferecendo o Porto Santo com a escala no Funchal? Ainda assim, arranjam confusões nas raras escalas confirmadas, como a do Voyager no dia 1 do corrente mês à espera de cais.

- No Terminal Sul do Porto do Funchal, algo similar sucede com o designado Cais 1 de 160mt, que se situa na zona da rampa ro-ro e do molhe. Não tem certificação ISPS (International Ship and Port Facility Security Code) o que impossibilita a atracagem de navios de cruzeiro em dias de maior afluência ou de conveniência pelo estado do tempo. Com o novo Cais 8 inoperacional e com a tendência de condicionamento do Cais norte, na ausência diurna do ferry, essa secção de cais não pode ser usada para os navios de cruzeiro?
- Com a recente pretensão do novo hotel no Cais Norte em instalar uma cisterna de gás, estivemos na iminência de perder um cais acostável requalificado com a anulação da sua certificação. Pasme-se, existe a vontade de limitar o seu uso para não incomodar, demonstrando que a proliferação de actividades descontextualizadas no porto é uma Caixa de Pandora. O governo promove ou não sustém a voracidade dos lobbies, ambos não percebem que estão a precipitar o porto para a transgressão das regras internacionais. Estamos a satisfazer apetites que trocam os milhões da indústria dos cruzeiros pela satisfação de meia dúzia que não gosta de pagar. Construir cais à louca ou requalificar para prevaricar nas certificações resulta exactamente no mesmo. O paquete Funchal como hotel era autónomo e não dava confusões, fica a lição. Assistimos aos mesmos registos de sempre em vez de abrir uma nova era. Curiosamente, digo-o no Dia “D”.


Diário de Notícias do Funchal
Data: 06-06-2016

Página: 9
Link: 2019 Odisseia pró Cagaço

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