domingo, 10 de maio de 2015

Pontinha de juízo

 Molhe da Pontinha, por cada vez que é dado à exploração, tem vindo a alterar a sua traça com a sobreposição de obras. Elementos históricos desapareceram. A sua vocação divergiu.

Aproxima-se uma nova intervenção, por um credenciado atelier de arquitectura e design de interiores. Depois do belamente inútil Terminal de Passageiros do Porto do Funchal, estremeço. Uma “renovação” de ideias poderia privilegiar o útil, prático e necessário, pondo fim a uma era de megalomanias. Vai surgir um Centro de Design com ligação ao mar. Acredito nas boas intenções mas … e a vocação?

A APRAM volta a ter a mesma equipa, presumo que agora vai ser diferente.
Nestas coisas lembro-me sempre do velhinho do Lugar de Baixo, a alertar os sábios engenheiros: “- Uolhe cu’mar ali bate d’rijo”.

O Molhe da Pontinha, em horário alargado, dava um excelente centro de promoção e de apoio à pesquisa no porto. Um bar náutico permitiria promover o convívio das sinergias, dos visitantes e das pessoas ligadas ao mar com uma vista livre. Com wireless teria as tripulações “grudadas” e os passageiros viriam atrás.

Ali deveria estar o Clube de Entusiastas de Navios com as suas actividades e a colecção de crestas, o futuro Madeira Cruise Club, um espaço dos spotters/ bloggers e dos destacados das redes sociais que promovem permanentemente o porto do Funchal de forma gratuita. O Molhe poderia acolher e fomentar os movimentos de fãs das companhias de cruzeiros nas suas acções.

O exemplo dos AIDA’s mostra o retorno e como as receitas a bordo aumentam com as despedidas. O Molhe deveria conter um centro de estudos capaz de tratar do grande acervo de fotos antigas com navios na baía do Funchal, identificando datas, navios e motivos especiais. Deveria acolher as visitas dos reformados do mar com as suas histórias e as colecções privadas para que pudessem ser vistas.

Com este conjunto de elementos se faria a integração nos circuitos do coleccionismo, saudosismo, informação e de fãs. Muitos famosos cá estiveram e deveriam ser dados a conhecer aos visitantes, criando charme e singularidade, num museu com a verdadeira vivência, expondo fotos, documentos, crestas e memorabilia.



O porto precisa de fazer as pazes com os funchalenses. Estas ideias promoveriam um movimento natural que traria a velha mística à Pontinha. Estaria garantido um manancial de eventos com elevada cadência e qualidade. A massa crítica estaria reunida para bem do porto, caso contrário, o futuro é de velhinhos com cajado.

Diário de Notícias do Funchal
Data: 10-05-2015

Página: 12
Link: "Pontinha de juízo" 

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