quarta-feira, 22 de julho de 2015

Temulência na APRAM

stamos no período do ano com menos escalas de cruzeiros no Funchal. Não pertencemos a qualquer temporada, nem de Verão nem de Inverno, em circuitos permanentes ou alternados, salvo excepções. A redução de 75% da TUP para os cruzeiros, de 1 de Junho a 31 de Agosto, não surte efeito pois a maior rentabilidade dos itinerários alternativos não está provada. Não motivamos a montante com quem desenha os itinerários. Satisfaz-nos os números das épocas de transição de temporada, uma procissão para outros destinos com menos passageiros. Este mês de Julho, com 4 navios em 31 dias, é celebrado como o melhor de sempre, talvez para esquecer o Cuba 9 – Madeira 0, com a perca das escalas do MSC Opera.

A beleza da Madeira e as suas atracções não são consideradas para frequentar o destino, caso contrário haveria, por exemplo, uma maior afluência na Festa da Flor, época alta de cruzeiros. Os navios partem sem que os passageiros assistam ao cortejo.

Valemos pela localização geográfica nas travessias Atlânticas ou como adição a um itinerário dirigido às Canárias. Excepção feita à Passagem de Ano.

O Funchal, com oscilações residuais, que derivam da crescente dimensão dos navios, está estagnado. O crescimento da indústria de cruzeiros reflecte-se directamente nos concorrentes. Temos cruzeiros que vão às Canárias (Las Palmas cresceu 12%) sem escalas no Funchal e travessias Atlânticas que preferem Ponta Delgada (cresceu 70,7%).

A notoriedade histórica da Madeira provém da emigração, do vinho ou das viagens anuais de lazer. Produziram factos e atraíram gente famosa. Não temos um calendário de efemérides que mantenha o Porto do Funchal em difusão gratuita. É necessário trazer o saudosismo, promover a curiosidade e estabelecer a preferência.

Na era do excesso de informação, primamos pela ausência na área dos portos, não se vislumbra uma publicação em órgãos da especialidade, nem se explora a internet. A presença em eventos é imperceptível, na feira de Miami, coloca-se um expositor estático, sem contactos pessoais ou informação útil. Estamos entregues aos spotters nas redes sociais, pela qualidade fotográfica. Ainda assim, são tratados com estupidez porque “alguém” acha que perturbam a segurança. Seguro é o ritmo do bocejo, do café prolongado ou das ameaças, com vias de facto, àqueles que ousam se indignar.

A APRAM nunca fez uma aposta séria nos cruzeiros de expedição, pensando sobretudo nas Selvagens e nas Desertas mas, contemplando o restante arquipélago. É um nicho de mercado para navios pequenos, preparados para todo tipo de desembarques e com boa clientela que procura a observação da vida selvagem em locais recônditos.

Não se atende à necessidade de definir um cais de operação, sem limitações, para o ferry ou ferrys. A área destinada à movimentação de veículos e passageiros é exígua e conflituosa, como provamos todos os dias e nos lembramos dos diferendos no passado com dois operadores.


A interpretação e aplicação do “International Ship and Port Facility Security Code” é excessiva, obsessiva e fomenta a falta de competitividade do nosso porto. Basta ser cruzeirista e comparar com outros destinos. Esta obsessão de segurança roça a paródia quando se permite que qualquer pessoa mal intencionada vá aos trolleys da PSL colocar uma “encomenda” e ir, calmamente, ver a partida desde um miradouro.

Existe uma reserva “natural” de gaivotas no porto porque destruíram o movimento permanente com a inexistência de actividades, visitas ou comércio.

Na gare, os passageiros não circulam pelas mangas devido a problemas técnicos desde a montagem, anulando também o movimento no passadiço que tapa toda a vista sobre a cidade. Os passageiros descem directos dos navios para o cais. O investimento findo, em infra-estruturas, rotunda numa regressão.

O nosso porto não dá conforto aos passageiros. Sem comércio conexo, falta o “wireless” livre e as comunicações para as tripulações. Mapas existem, se forem distribuídos. Alguém na APRAM faz cruzeiros?

O asseio no porto deve ser permanente, se surgir norovírus, devido ao guano que vai no calçado para bordo dos navios, haverá averiguações. Se for numa das 9 companhias do Grupo Carnival multiplicará o efeito. Os madeirenses também merecem o asseio.

O senhor secretário da tutela foi uma esperança que se perdeu. Não detectou a urgência em colocar a APRAM a funcionar. Adiou por 2 anos com o mesmo marasmo, somando mais 3 para produzir efeito com uma nova estratégia. Este mandato finou-se, perdemos 5 anos. Tempo é dinheiro, entre os dois, o senhor secretário preferiu poupar no segundo para pagar na mesma com o primeiro. A concorrência progride connosco na salmoura dos interesses instalados e dos afastamentos maldizentes.

É urgente fazer apostas, estamos a ficar para trás.

Diário de Notícias do Funchal
Data: 22-07-2015
Página: 10
Link: Temulência na APRAM

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